Dra. Karine Cunha

Saber quando aquele gosto pelas compras se torna uma compulsividade por comprar é um verdadeiro desafio. Afinal, em meio a tantas tentações e nos dias repletos de pressão em que vivemos, ceder para “nos presentearmos” parece natural. Além disso, as lojas físicas e virtuais estão sempre oferecendo condições imperdíveis.

Mas, é preciso ficar atento, pois isso pode ser uma doença com graves consequências para a vida do paciente: mais do que causar prejuízos financeiros, essa compulsividade pode esconder problemas mais sérios, como transtorno afetivo bipolar, ansiedade ou depressão.

Afinal, quando o prazer em comprar vira uma doença? Como buscar um diagnóstico e um tratamento eficaz? É sobre isso que vamos conversar agora, acompanhe!

Os sintomas da compulsividade por comprar

Se você ainda não acredita que o prazer de encher sacolas é uma doença, saiba que isso até tem nome: oniomania (ou Transtorno de Compras Compulsivas — TCC).

Dentre as características mais comuns de quem apresenta o distúrbio, é possível citar:

  • o descontrole financeiro: afinal, a pessoa compra, na maioria das vezes, por impulso, sem fazer nenhum tipo de planejamento ou pensar nas consequências que chegarão a longo ou curto prazo — como na próxima fatura do cartão de crédito;
  • a felicidade no momento da compra: o ato de comprar está diretamente ligado a outras emoções, inclusive, àquelas negativas das quais queremos nos livrar. Ao consumir, temos uma alegria momentânea e nos esquecemos de outros problemas e tristezas;
  • as compras escondidas: um comprador compulsivo sabe, na maioria das vezes, que está passando dos limites e, provavelmente, enfrenta problemas com seus familiares devido aos seus gastos excessivos. Portanto, é comum que ele esconda suas aquisições para evitar a censura e as brigas;
  • desejo pelo consumo: quem tem esse distúrbio compulsivo não está interessado, diretamente, nos bens que adquire. A pessoa busca é o prazer gerado pelo ato de consumir. Por isso, ela compra coisas que não usa ou das quais nem se lembra, por exemplo.

As formas de vencer a compulsão

Se você se identificou com alguns desses sintomas, saiba que já está no caminho certo ao buscar este artigo, pois mostra que já trabalha no primeiro passo para vencer a compulsividade por comprar: ter autopercepção.

Admitir que o seu consumo está excessivo e traz problemas (financeiros e sociais) é fundamental para o que hábito cesse. Além disso, é preciso olhar para si mesmo de forma imparcial e respeitosa e tentar identificar o que você tem buscado preencher com essas compras.

É comprovado que, ao comprar, o nosso corpo libera endorfina, o hormônio do prazer, portanto, vale a pena se perguntar: por que estou buscando felicidade nas compras? Que vazio tento preencher? Estou utilizando as compras como estratégia para lidar com emoções negativas, como baixa autoestima ou identidade frágil?

A importância do apoio profissional

Acredite, há pessoas que têm crises de abstinência quando passam períodos sem comprar. Existem pelo mundo grupos de “devedores anônimos”, tal qual aqueles que apoiam pessoas dependentes de álcool e drogas.

Ou seja, o consumismo exacerbado deve ser levado a sério pois talvez seja um sinal indicativo de outros problemas pelos quais o indivíduo está passando, conforme já comentei.

Por isso, é fundamental uma conversa com um psicólogo ou psiquiatra, visto que a terapia é a forma mais indicada de encontrar as respostas e resolver o transtorno.

A compulsividade por compras é um problema de saúde e deve ser tratada como tal. Se você se reconheceu nos sintomas apontados neste artigo ou conhece alguém com essas características, não opte pelo conflito nem negligencie a situação.

Já que estamos falando em dependências, conheça agora como os jogos eletrônicos também podem ser um transtorno, seus sintomas e tratamento.

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